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Manutenção de obras: um problema cultural?

A queda de obras no último ano pelo Brasil afora revela uma assustadora verdade sobre os brasileiros: a falta de aculturamento sobre a importância de manutenção das coisas que se constroem.

Mas por que essa falta de consideração em manter aquilo que fora construído? Será que realmente acreditamos que remediar é melhor que prevenir?

Na nossa área de atividades – a engenharia – construímos pontes, estradas, edificações, obras públicas ou privadas, de certa forma, todas voltadas para a população. E é comum ver essas mesmas obras ficarem no mais absoluto abandono. Pior os casos de obras públicas, onde você, leitor, é quem paga pela construção de uma arte que deveria durar no mínimo 50 anos e com 5  já apresenta sérios problemas estruturais.

E qual o custo disso? Um estudo feito pelos engenheiros Tibério Andrade e Angelo Just (Considerações sobre durabilidade, patologia e manutenção das estruturas) mostrou que “em relação à estimativa de custos de reparo, estima-se que perdas causadas pela corrosão, em estruturas de concreto, em países desenvolvidos e em desenvolvimento, estão entre 1,25% a 3,50% do Produto Nacional Bruto.”

Para visualizar melhor, vamos aos argumentos. O gráfico abaixo demonstra a queda de desempenho de uma edificação com o passar do tempo e as manutenções feitas ao longo deste:

Nota-se que os picos de acréscimo de desempenho ocorrem quando é realizada manutenção. É notório que a tendência do desempenho é sempre diminuir com o tempo. Mas, é possível mantê-lo num patamar desejável sem aumentar os custos globais?

O próximo gráfico nos mostra a relação custo x tempo:

Percebe-se então que os custos crescem numa razão geométrica de ordem 5 (1, 5 , 25, 125), significando que o gasto com uma intervenção, num etapa de maior corrosão da armadura, seria 125 vezes maior do que àquela medida adotada num estádio preliminar.

Ainda segundo o artigo, “quando se trata de durabilidade e de custos envolvidos com recuperação das estruturas de concreto, deterioradas por corrosão da armadura, a “lei dos cinco” de Sitter (1983), mostra a importância de se dar atenção à qualidade, nas etapas de projeto e de construção, e à manutenção preventiva, no período de iniciação da corrosão, em relação às manutenções corretivas tomadas no período de propagação.”

O gráfico abaixo ilustra o aumento do custo com manutenção com o passar do tempo. (Alani et al. 2001)

“A manutenção preventiva, na maioria das vezes, não  está relacionada diretamente à estrutura de concreto, mas aos subsistemas que interagem com a estrutura, como: manutenção em instalações hidrosanitárias, em impermeabilizações em lajes, em revestimentos externos, em juntas de dilatações, etc, com o objetivo de impedir ou dificultar o contato da água com a estrutura de concreto”, afirma o estudo.

Portanto, fica claro que para mantimento do bom desempenho e da durabilidade da edificação, a prática da manutenção é essencial, uma vez que as patologias são inevitáveis ao longo de sua vida útil. Evitável mesmo, é a manutenção generalizada, a um alto custo, de um bem duradouro como concreto.

Para mais infromações dos dados e gráficos aqui citados ver: Considerações sobre durabilidade, patologia e manutenção das estruturas (Engº Tibério Andrade, Engº Angelo Just da Costa e Silva)
 
Links:
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Manutenção de Obras: Um Problema Cultural
“Brasil não tem cultura de realizar manutenção em obras”

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